Conceitos sobre Ética


Situação de Aprendizagem 1 2º ano 1º Bimestre – O eu racional

 

 Texto complementar: René Descartes (1596-1650): Duvida metódica e o cogito (Gilberto Cotrim)

 

            Descartes afirmava que, para conhecer a verdade, é preciso, de início, colocar todos os nossos conhecimentos em dúvida. É necessário questionar tudo e analisar, criteriosamente, se existe algo na realidade de que possamos ter plena certeza.

            Fazendo uma aplicação metódica da dúvida, o filósofo foi considerando como incertas todas as percepções sensoriais, todas as noções adquiridas sobre os objetos materiais. E prosseguiu assim, colocando cada vez mais em dúvida a existência de tudo que constitui a realidade e o próprio conteúdo dos pensamentos.

            Finalmente, estabeleceu que a única verdade totalmente livre de dúvida era a seguinte: meus pensamentos existem. E em seguida observou que a existência desses pensamentos se confundia com a essência da sua própria existência como ser pensante. Disso decorreu a célebre conclusão de Descartes: cogito ergo sum (em latim) ou penso logo existo.

            Para Descartes, esse Penso, Logo existo seria uma verdade absolutamente firme, certa e segura, que, por isso mesmo, deveria ser adotada como principio básico de toda a sua filosofia.

            O termo pensamento utilizado por Descartes tem um sentido bastante amplo, abrangendo tudo o que afirmamos, negamos, sentimos, imaginamos, cremos e sonhamos. Assim, o ser humano era, para ele, uma substancia essencialmente pensante.

            Da afirmação cartesiana ”Penso, logo existo”, que ficou conhecida como cogito, podemos extrair esta importante conseqüência ou corolário (proposição ou sentença que se deduz de uma outra): o pensamento (consciência) é algo mais certo que  própria matéria corporal. Note-se quer é a partir do penso que ele conclui “logo existo”. 

            Baseando-se nesse pensamento toda a filosofia posterior que sofreu influencia de Descartes assumiu uma tendência idealista, isto é, uma tendência a valorizar a atividade do sujeito pensante em relação ao objeto pensado. Em outras palavras, uma tendência a ressaltar a prevalência da consciência subjetiva sobre o ser  objetivo, “e a considerar a matéria como algo apenas conhecível, se é  que o que é, por dedução do que se sabe da mente.”

            Descartes foi, portanto um racionalista convicto. Recomendava que desconfiássemos das percepções sensoriais, responsabilizando-as pelos freqüentes erros do conhecimento humano. Dizia que o verdadeiro conhecimento das coisas externas deveria ser conseguido através do trabalho lógico da mente. Nesse sentido, considerava que, no passado, dentre todos os homens que buscavam a verdade nas ciências, “só os matemáticos puderam encontrar algumas demonstrações, isto é, algumas razões certas e evidentes.”

 

 Texto 2: O método cartesiano

 

            Da sua obra Discurso do método, podemos destacar quatro regras básicas, consideradas por Descartes capazes de conduzir o espírito na busca de verdade:

  1. Regra da evidência- só aceitar algo como verdadeiro desde que seja absolutamente evidente por sua clareza e distinção. Estas ideias claras e distintas, Descartes as encontra na sua própria atividade mental, independentemente das percepções sensoriais externas. Isso faz Descartes propor a existência das ideias inatas (ideias cujas estruturas já nascemos com elas), que são plenamente racionais. Exemplo dessas ideias: as ideias matemáticas, as noções de gerais de extensão e movimento, a idéia de infinito etc. O exemplo mais célebre de ideia  inata cartesiana está expresso na fórmula: Penso, logo existo.
  2. Regra da análise-  dividir cada uma das dificuldades surgidas em tantas partes quantas forem necessárias para resolvê-las melhor.
  3. Regra da síntese- ordenar o raciocínio indo dos problemas mais simples para os mais complexos.
  4. Regra da enumeração- realizar verificações completas e gerais para ter absoluta segurança de que nenhum aspecto do problema foi omitido.  

Cotrim, Gilberto, Filosofia Temática/Gilberto Cotrim São Paulo: Saraiva 2008 páginas 150/ 151

 

 

Situação de aprendizagem 2 aula N.º2 2º ano introdução à ética

 

Texto 3: Moral e ética (2º ano VISCONDINHO)

 

            Os conceitos de moral e ética, ainda que diferentes, são com freqüência usados como sinônimos. No entanto, podemos estabelecer algumas diferenças entre eles, embora essas definições variem conforme o filósofo.

 

Etimologia:

Moral: vem do latim mos, moris, “costume”, “maneira de se comportar regulada pelo uso” e moralis, morale, adjetivo referente ao que é “relativo aos costumes”.

Ética: do grego ethos, ‘“costume”.

 

Moral é o conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos em um grupo social. De modo simplificado, o sujeito moral é aquele que age bem ou mal na medida em que acata ou transgride as regras morais admitidas em determinada época ou por um grupo de pessoas. Diz respeito à ação  moral concreta, quando nos perguntamos: O que devo fazer? Como devo agir nessa situação? O que é certo? O que é condenável? , e assim por diante.

Ética é a reflexão sobre as noções e princípios que fundamentam a vida moral. Essa reflexão orienta-se nas mais diversas direções, dependendo da concepção de ser humano tomado como ponto de partida. Por exemplo, a pergunta o que é o bem e o mal? , respondemos diferentemente caso o fundamento moral esteja na ordem cósmica, na vontade de Deus ou em nenhuma ordem exterior à própria consciência humana.

            Do ponto de vista da ética, podemos ainda perguntar: Há uma hierarquia de valores a obedecer? Se houver, o bem supremo é a felicidade? O prazer? A utilidade? O dever? A justiça? Igualmente, é possível questionar: os valores são essenciais? Tem conteúdo determinado, universal, válido em todos os tempos e lugares? Ou, ao contrario são relativos: “verdade aquém erro além dos Pireneus”, como critica Pascal? Haveria a possibilidade de superação das posições contraditórias do universalismo e do relativismo?

 

Maria Lucia de Arruda Aranha/ Maria Helena Pires Martins / Filosofando Introdução à Filosofia páginas 213/214

 

 

           

TEXTO 4: Caráter histórico e social da moral

 

            A fim de garantir a sobrevivência, o ser humano age sobre a natureza transformando-a em cultura. Para que a ação coletiva seja possível, são estabelecidas regras que organizam as relações entre os indivíduos, por isso, é impossível um povo sem qualquer conjunto de normas de conduta. Segundo o antropólogo francês Lévi-Strauss, a passagem do reino animal, ao reino humano, ou seja, a passagem da natureza à cultura, é produzida pela instauração da lei, por meio da proibição do incesto. Assim se estabelecem as relações de parentesco e de aliança sobre a quais é construído o mundo humano, que é simbólico.

            Exterior e anterior ao individuo, há portanto a moral constituída, pela qual o comportamento é orientado por meio de normas. Em função da adequação ou não à norma estabelecida, o ato será considerado moral ou imoral. O comportamento moral também varia de acordo com o tempo e lugar, conforme as exigências das condições nas quais as pessoas organizam-se ao estabelecerem as formas de relacionamento e as praticas de trabalho. Á medida que essas relações se alteram, ocorrem lentas modificações nas normas de comportamento coletivo.

Maria Lucia de Arruda Aranha/ Maria Helena Pires Martins / Filosofando Introdução à Filosofia páginas 213/214

 

 

 

 

           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Situação de aprendizagem 3 – aula N.º 4: 2º ano A liberdade.

 

  • O que vocês entendem por liberdade?
  • Quais são os limites da liberdade?

 

Destino e determinismo

 

            A ideia de destino significa que o homem não pode escolher para onde vai, ou mesmo o que fazer, mesmo que seja contra a sua vontade. Algo fora dele decidirá, e não há nada que ele possa fazer para mudar seu futuro ou alterar seu presente. Esta ideia tem um caráter religioso e pode-se se dizer que foi introduzida na filosofia pelos estóicos.

            No determinismo a liberdade não existe, pois o homem é sempre determinado, seja por sua natureza biológica, seja por sua natureza histórica- social. Ou seja, as ações individuais seriam causadas e determinadas por fatores naturais ou constrangimentos sociais, e a liberdade seria uma ilusão.

            A conclusão que se pode chegar com isso é que são as escolhas que definem nossa liberdade. Ora se não houvesse liberdade, seriamos incapazes de mudar a própria vida e tudo dependeria do que está fora de nós. Mesmo reconhecendo a existência de vários elementos que poderíamos chamar de causas cabe ao homem entregar-se a eles ou não.

 

 

 

 

Situação de aprendizagem 3 – aula N.º5: 2º ano A liberdade de fazer-se

 

            Para Sartre, a liberdade não se resume ao que podemos escolher. Ela se dá pela invenção de possibilidades. Nós podemos inventar nossas opções. Mas isso acontece, sobretudo quando nós inventamos a nós mesmos.

            A mais profunda liberdade é poder escolher o que somos e não apenas o que fazemos. Nós escolhemos um projeto para nós o que Sartre chama de compromisso. Nós nos comprometemos com nossos valores, gestos, gostos, sonhos, desejos e projetos.

            A liberdade exige cada vez mais liberdade. Liberdade de ser o individuo que queremos. Liberdade de escolha mesmo com limites, a partir de nossa vida, nós decidimos a criação de outra vida para nós. Podemos sempre repetir: “Não importa o que fizeram de mim, o que importa é o que eu faço com o que fizeram de mim”.

            Mas ninguém é livre sozinho. Para nos fazermos e refazermos precisamos dos outros com as mesmas possibilidades. É a liberdade dos outros que garante a nossa liberdade.

            Quanto mais livres são os outros, mais livres nós somos. Cada um com a sua liberdade podem inventar a si mesmo e, assim, reinventar o mundo, as cidades, os grupos, lembrando, sempre, que a violência entre os homens começa quando alguém não respeita a liberdade do outro.

 

 

 

 

 

Situação de aprendizagem 4 – aula N.º6: 2º ano Autonomia

 

 

Normas da vida

 

            Em todos os lugares, existem muitas normas, disciplinando quase tudo. Algumas são escritas; outras nem sequer faladas. Em geral, essas normas foram fritas a partir da organização dos espaços, segundo a vontade de quem conduziu essa organização.

            Bem antes de nascermos, já somos submetidos a normas. É importante perceber que, embora nem sempre as regras ajudem todas as pessoas, são necessárias para o convívio social e a valorização da vida e da dignidade.

            As normas são criadas pela influência dos costumes das sociedades ou por quem detém autoridade. Às vezes a obediência a uma lei ou a uma norma pode significar a perda de uma vida, como acontece no EUA, onde a pena de morte vigente em muitos Estados autoriza a execução de criminosos, o que pode levar a erros irremediáveis.

            Cada norma visa a defender um interesse. Existem normas que procuram proteger a vida humana, enquanto outras visam a defender o lucro inescrupuloso, como acontece, com o tráfico de drogas, cujas regras-não escritas - ofendem a dignidade das pessoas, sem qualquer respeito pela vida e pela sociedade.

           

 

Aula N.º 7 2º ano: As regras dento de nós

 

            Além disso, há regras dento de nós mesmos, criadas pelas nossas necessidades e pelos nossos desejos. Temos a necessidade de comer, beber, dormir, fazer amor, se divertir... Os desejos, em geral, partem das nossas necessidades, mas podem extrapolá-las, criando necessidades que nem sempre são boas. Por exemplo, gastar todo o dinheiro do mês por um tênis de marca. Isso extrapola a necessidade da vida, tornando-se uma necessidade somente do desejo, o que quer dizer que o desejo pode produzir normas de condita pouco inteligentes ou até cruéis.

            Quando obedecemos a leis ou a normas que procedem dos desejos ou da necessidade, vivemos na heteronomia (hetero = de fora; nomia = norma), quando as normas são produzidas em lugares diferentes da nossa razão,e é justamente a razão que tem a capacidade de produzir normas que nos permitem viver nossa liberdade.

 

Aula N.º8 2º ano A razão e as normas

 

            Quando a razão procura normas para o bem das pessoas fora do lugar das decisões individuais, chamamos isso de política, ou seja, normas que devem ser boas para todos. Quando a razão procura normas boas para as decisões pessoais, chamamos isso de Ética.

            Mas e o conhecimento? Qual a sua capacidade de ajudar na criação de normas, dentro e fora de nós? Para começar a perceber essas relações, é importante entendermos a necessidade de desenvolver nossa inteligência, pois só assim podemos atingir o eu penso, ou seja, nós mesmos. Entretanto o eu penso é limitado, porque a razão é limitada. Ela não entende todas as coisas que experimentamos.

            Além disso, se temos desejos que nos fazem sofrer e paixões que nem sempre sabemos controlar, onde a razão vai encontrar a solução?

 

 

Aula 1 2º bimestre 2 º ano  situação de aprendizagem 1 volume 1 Introdução a teoria do indivíduo

 

 

O que sou?

 

            Discutir a auto-imagem crítica do indivíduo, com a intenção de reconhecer vários aspectos de nossa constituição humana, para refletirmos sobre nossa própria dimensão sócio-histórica.

            Com o intuito de pensar em nossa individualidade e, em certa medida, na individualidade alheia.

 

O indivíduo possessivo – John Locke ( São Paulo faz escola)

 

            De acordo com a filosofia de John Locke os homens viviam em estado de natural ou estado de natureza.

            Todos os homens nasciam com três direitos: liberdade, propriedade e garantia de vida. Desse modo no início dos tempos, lutar ou fugir eram maneiras para defender esses direitos.

            Em um determinado momento da história, contudo, os homens resolveram fazer um contrato. Resumidamente, por meio dele, reafirmavam esses direitos naturais. Alem disso, os homens concordariam que, para evitar que eles fossem usurpados, deveriam eleger um governo, ao qual caberia defende-lo. Assim, todos deveriam respeitar a vida, a propriedade e a liberdade, e o governo ou Estado seria responsável para que não deixasse de acontecer.

            E por que esse pensamento é tão importante? Principalmente porque foi nele que o capitalismo encontrou uma de suas bases teórica para seu desenvolvimento. Sem dúvida, uma característica fundamental do capitalismo nascente era a propriedade individual e o fim da propriedade coletiva. O individuo tornou-se o centro da atividade econômica e jurídica. Ele consome e produz. Portanto, é sobre ele que recai toda a responsabilidade ética e política.

            Por isso, toda ação depende necessariamente do indivíduo. O tipo de governo que ele deixa existir, o tipo de relações sociais sob as quais viverá; enfim, sua felicidade ou tristeza não compete mais ao rei ou ao senhor feudal, mas somente ao indivíduo.

 

 

 Aula 2 2º bimestre 2º ano:O individuo segundo o utilitarismo

 

            Para o utilitarismo, o homem é um ser que só é livre quando se desenvolve intelectualmente e é capaz de fazer escolhas morais, diferentemente dos preceitos de Locke, que afirmava a liberdade do homem a partir da natureza.

            Para o utilitarismo, o homem é um ser que necessita vivenciar seus desejos e, com isso, vivenciar o prazer, o fim, último de todos os seres vivos. Para ajudar o homem, os utilitaristas pensaram em criar uma ciência tão exata quanto à matemática, até mesmo para dar conta de um de seus problemas fundamentais, qual seja: como alcançar o prazer sem produzir dor.

            De fato, quando se considera o prazer como finalidade ética, temos aquilo que chamamos de hedonismo. No entanto o hedonismo utilitarista está fundamentalmente preocupado com a vida sem sociedade. Portanto, a noção de prazer e dor deve ser compartilhada, surgindo dessa partilha a verdadeira moral.

            A diferença social degrada tanto os ricos quanto os pobres. Por isso, a igualdade deve ser buscada. Ela será mais útil na produção dos prazeres.

 

Aula 3 2º Bimestre2 ºano  situação de aprendizagem 2 volume 2 tornar-se individuo

 

            Paul Ricoeur afirma em seu artigo Individuo e Identidade pessoal, que o indivíduo tem duas dimensões: ser membro de uma sociedade qualquer e, em sentido moral ser livre e autônomo. Portanto quando falamos em indivíduo, pensamos em um ser da espécie humana com autonomia e independência.

            A primeira preocupação de Ricoeur é de modo geral como nos individualizamos, como um homem pode dizer que faz parte da espécie humana, mesmo considerando as diferenças ente os indivíduos.

            O ponto de partida de Ricoeur é a linguagem, pois é por meio dela que nós pensamos e dizemos o mundo. Esse ato de dizer o mundo só é possível pela interpretação, sendo a linguagem a manifestação da interpretação do mundo.

            No entanto, quando falamos, não apenas dizemos como as coisas são, mas criamos outras. Por exemplo, a promessa só existe pelo ato da fala; ela é uma criação ética da própria linguagem.

            Em geral o eu aparece completamente imbricado em nossa fala, encaixando em tudo o que falamos. Este eu que somos está ancorado na história e no tempo vivido.

            A ipseidade é a fala que usamos para dizer o que pertence apenas ao indivíduo, à sua singularidade. Aquilo que, entre vários de uma espécie, diferencia um só.

            Somos seres que nos caracterizamos por instituir o mundo pela linguagem. Ademais, ela nos proporciona o que somos, seres que fazem uso desta linguagem para se expressar, interpretar e ouvir. Isso significa dizer que a linguagem é capaz de não apenas dizer o que somos, mas quem somos?

            Para sabermos quem é este eu, o passo seguinte é narrá-lo. Ao narrar, somos obrigados a dizer a ação desse sujeito. Somos mais densos conforme se aprofunda nossa linguagem e conforme se aprofunda nossa linguagem e conforme nossas narrativas de nós mesmos melhoram.

            Além disso, torna-se fundamental pensarmos que nossa narrativa não diz apenas um ser imutável; ela é uma história de um ser em contínua mudança, pois esse ser se dá pela ação narrada, e cada ação é diferente, até a mais recente delas. Portanto, nós somos a nossa história contada e somos leitores de nós mesmos.

 

 

 

 

 

 

Aula 4 2º ano  2º bimestre A sujeição

 

Conhecimento e dominação 

 

            Para Michel Foucault (1926-1984), nenhum saber é neutro, como não são neutros os discursos que os geram, expressam e articulam. A aparente neutralidade dos discursos e dos saberes funciona como uma capa que esconde o real objetivo deles: o jogo do poder. A produção dos saberes, assim, inscreve-se no campo político e é estratégica para o controle social.

            Esse poder controlador não é exercido apenas pelo estado, alerta Foucault. Ele se estende a toda a sociedade apresentando-se em instituições como escola, igreja, família, ciência. Está em toda a parte, formando uma rede de relações de força.

            Nos séculos XVII e XVIII, os processos disciplinares assumiriam a formula geral de dominação exercida em diversos espaços como já fora citado anteriormente. O controle do espaço, do tempo, dos movimentos foi submetido ao olhar vigilante, que, por sua vez, introjetou-se no próprio indivíduo.

            Portanto, a noção de verdade para Foucault está ligada ao exercício ou, mais propriamente, as práticas de poder disseminadas no tecido social. Esse poder não é exercido pela violência aparente nem pela força física, mas pelo adestramento do corpo e do comportamento a fim de “fabricar” o tipo de trabalhador adequado para a sociedade industrial capitalista.

 

 

Situação de aprendizagem 1 3º bimestre 2º ano

Reflexão sobre humilhação e velhice

Texto 1 a humilhação social

 

O objetivo desta situação de aprendizagem é introduzir o debate sobre a humilhação como resultado da desigualdade social para, em seguida, discutir a existência e a condição dos i-dosos em nossa sociedade.

A humilhação é um sentimento de desigualdade. Para José Moura Gonçalves Filho, do instituto de Psicologia da USP, a humilhação consiste em uma modalidade de angústia disparada pelo impacto traumático da desigualdade de classe, isto é, a angústia que sofre quando alguém se depara com um abismo chamado desigualdade, o que corresponde à percepção de que, enquanto um está em posição superior, o outro se coloca em posição inferior.

A desigualdade experimentada do lado de fora é internalizada como sofrimento, ao quais muitas pessoas já estão habituadas. Dessa maneira, além da humilhação crônica, que atinge os pobres, como resultado das desigualdades econômicas e políticas experimentam-se uma espécie de angústia assumida pelo humilhado nas mais variadas manifestações de sua existência.

Mas quando uma pessoa é humilhada? Quando se mostra a ela uma diferença que a põe em uma situação de inferioridade. Por exemplo, quando um chefe grita com o funcionário, quando um adulto ou jovem ignora ou maltrata um idoso, quando uma mulher é agredida pelo marido, quando uma pessoa mais forte ameaça outra menos forte. Enfim, existe em nossa sociedade uma hierarquia constante que leva o humilhado a sentimentos que o agridem, como o susto, medo, pavor, tristeza, ódio, culpa, solidão, os quais, muitas vezes, são interiorizados pelas pessoas.

Na sociedade, todos são, em alguma medida, humilhados, mas, no caso das pessoas mais pobres, isso pode ser constante e ocorrer da infância a velhice. A humilhação contínua vais se acumulando e moldando as pessoas, levando-as a ter uma baixa autoestima e o tornando-as menos sensíveis, menos solidárias e até mesmo violentas.

 

 

 

Texto 2 2º ano  3º bimestre : A velhice (Simone Beauvoir) (São Paulo faz escola) caderno do professor 2ºano 3ºano)

 

            Simone de Beauvoir (1908-1986) procurou refletir sobre a exclusão dos idosos em sua sociedade, mas do ponto de vista de quem sabia que iria se tornar um deles, como quem pensava o próprio destino. Para ela, um dos problemas da sociedade capitalista está no fato de que cada indivíduo percebe as outras pessoas como meio para realização de suas necessidades: proteção, riqueza, prazer, dominação. Desta forma, nos relacionamos com outras pessoas, priorizando nossos desejos, pouco  compreendendo e valorizando suas necessidades.

Esse processo aparece com nitidez em nossa relação com os idosos. Em seu livro, a pensadora que há uma duplicidade na relações que os mais jovens tem como os idosos, uma vez que, na maioria das vezes, mesmo sendo respeitado por sua condição de pai ou de mãe, trata-se o idoso como uma espécie de ser inferior, tirando dele suas responsabilidades ou encarando-o como culpado por sobrecarga de compromissos que imputa a filhos e netos.

Mesmo em situações de proteção, podem-se ter processos de humilhação quando, sem a devida atenção sobre as reais condições que apresentem os idosos para resolver com autonomia seus problemas, os mais jovens passam a subestimar os mais velhos, assumindo tarefas em seu lugar.

Quando não se respeita uma pessoa em sua integridade emocional, intelectual e material, ela é excluída da sociedade pelos governos, pelas pessoas em geral. Os grupos mais excluídos por essas práticas são as crianças e os idosos.

Em vários lugares, como bancos e supermercados, há caixas preferenciais para idosos, mas, que elas sejam suficientes para garantir seu conforto, será que suas condições sociais também o são? Há, também, a gratuidade no transporte coletivo, mas quem viaja de ônibus sabe que asa vezes suas condições não são adequadas para transportar quem tem um corpo tão frágil.

Além do desamparo, quanto às condições materiais, a desconsideração para com as opiniões e emoções dos idosos também deve ser analisada para a superação das condições de humilhação sofrida por eles em nossa sociedade.

No texto A velhice de Simone Beauvoir escreveu que o idoso é uma espécie de objeto incômodo, inútil, e quase tudo o que se deseja é poder tratá-lo como quantia desprezível.

 

Situação de aprendizagem 2

Reflexão sobre o racismo

 

 Texto3 3º bimestre 2º ano: Somos racistas? (Patrícia Pereira)

 

Sim, disfarçado ou não, o racismo existe. No Brasil e em todos os cantos do mundo. E é muito mais amplo do que o preconceito contra o negro – o que nos soa mais familiar. O racismo ocorre toda vez que um grupo atribui qualidades positivas a si e negativas a outro. É exaltação da identidade de alguma da identidade de alguns em detrimento das demais. Muitos atos racistas buscaram justificativas em teorias em teorias filosóficas. Mas, cuidado: é fácil esbarrar em interpretações indevidas. Vamos juntar as peças, analisar o racismo existente no Brasil e outras formas de racismo que vigoram mundo afora, ver que o há de comum entre eles e tentar encontrar a sua origem.

            Antes, é preciso frisar que as há uma coisa contraditória em filosofia, esta é o racismo. A afirmação é da pós-doutorada em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), Lelita Oliveira Benoit. Ela explica que a filosofia fundamentalmente pensa as questões que vão contra aquilo que o racismo representa. “O racismo é uma espécie de fobia e de recusa do outro. A filosofia não se caracteriza pelo pensamento daquilo que é comum a todos.

 

Texto 4 3º bimestre 2º ano: o que é o racismo?

 

            A palavra raça, apesar de ter origem biológica, não tem base cientifica para definir e muito menos para classificar, seres humanos. Apesar disso a sociedade faz uso da palavra raça com sentido político, isto é para definir diferenças entre as pessoas.

            Para legitimar posições racistas, usa-se uma diferença biológica (que é superficial, pois não há raças entre os humanos) ou cultural (religião, modo de se vestir ou falar), justificando privilégios e exclusão social. O acusador coloca-se como superior em relação à vítima do racismo.

            Quando exibimos as diferenças, de modo que ninguém seja agredido ou excluído ou colocado em uma condição de inferioridade, não se trata de racismo. Dizer que André é negro, não significa RACISMO. No entanto, usar  essas diferenças para discriminar ou tentar diminuir o outro consiste em racismo.

            A relação do racista com a sua vítima está ligada, diretamente, ao pensamento de dominação de um povo sobre o outro. A atitude racista é uma atitude de dominação, característica dos processos de colonização que empreenderam diferentes impérios ao longo da história da humanidade. A dominação dos europeus contra os africanos e americanos levou à escravização de negros e índios que tão bem conhecemos no Brasil.

            O racismo não apenas mata, mas deixa morrer e faz matar. Por isso a escola deve valorizar atitudes antirracistas, para construir consciência e favorecer praticas de valorização da vida. Assim, o antirracismo se traduz em duas condições, uma ética trata de refletir sobre si para não cometer a violência. A condição política se ocupa de evitar ações racistas de outras pessoas e exigir que as autoridades promovam a inclusão de vítimas, participando ou se solidarizando com grupos representativos dessa minoria – que é minoria no usufruto dos seus direitos e não em termos de números.

            Para não se comprometer com o racismo, é preciso ser antirracista, pois quem não coloca-se em uma opção de banalidade e omissão em relação às vítimas, e ainda colhe os frutos do racismo. Se a vítima não combate o racismo, então vai colher os frutos da discriminação.

 

Texto 5 2ºano 3º bimestre Orfeu Negro Jean –Paul Sartre  ( São Paulo faz  escola)

 

            A condição do negro está ligada ao racismo e à miséria. Considerando a população brasileira em geral, pode-se afirmar  que raros são os casos nos quais os negros superam condição de pobreza ou mesmo de miséria e recebem notoriedade social.

            A miséria causada pelo racismo e pelas políticas de Estado pós-libertação  dos escravos e a despreocupação das autoridades geraram um contingente de excluídos ou marginalizados, que são reconhecidos pela mesma cor de pele, cabelo, lábios e cultura de raízes africanas – os negros.

            A falta do mínimo necessário para a vida gerou e gera duas orientações; a revolta e a acomodação. A revolta pode ser política, isto é, negros e negras se encontram para discutir o que lhes faz sofrer e cobrar das autoridades a igualdade. A acomodação pode ser entendida como uma alienação. Muitos negros e negras simplesmente aceitam o papel que as elites lhes impuseram durante séculos – a de que eram trabalhadores braçais em situação precária. Por outro lado, a alienação pode gerar a vitimização: o individuo se vê sempre perseguido e incapaz\ de agir, o que resulta em baixa autoestima. Em conseqüência, os negros valorizam outros culturas, como a de hegemonia branca européia.

            Para Sartre, o negro precisa encontrar a sua “negritude”, que é a maneira dialética, ou a negação da injustiça, causada pelo capitalismo. A condição negra de miséria, de humilhação e exclusão social, foi gerada pelo capitalismo, em processos de escravização de um povo sobre outro povo, do ponto de vista cultural, diferentemente do proletário europeu, formado pelas fábricas, o negro teve um espaço para desenvolver sua cultura, que só podia ser  uma cultura de resistência. Cada vez que um negro coloca uma roupa que expressa sua identidade, compõe uma música que fala de sua vida, não tem moldar o seu corpo para ser igual aos outros, ele produz a “negritude”, a resistência cultural dentro do capitalismo racial e cristão. A negação do ato do colonizador.

            O capitalismo colocou o burguês e o trabalhador em oposição por meio de uma situação de exploração. Mas o capitalismo também colocou o branco europeu em oposição ao negro escravo e ao negro pós-libertação, que também resultou em formas de exploração. O capitalista oprime o trabalhador enquanto em certa medida, o trabalhador branco oprime o negro. Por isso o negro deve assumir a consciência de que sua raça é explorada por uma questão social de dominação do homem branco e não por sua natureza biológica.

            Em Sartre, há uma diferença entre o trabalhador branco e o trabalhador negro, pois apesar de ambos sofrerem as dificuldades da pobreza, o negro sofre como negro, isto é, além da pobreza, ele encontra a discriminação junto àqueles que também são pobres e oprimidos, e até os trabalhadores brancos discriminam o trabalhador negro.

            O que é preciso fazer? É preciso que cada um tome consciência de sua condição ; que o trabalhador tome consciência de sua exploração e perceba que os problemas advêm de sua posição no mundo capitalista; que o negro identifique sua condição de submetido pelo racismo. Sob a inspiração de Sartre, pode-se pensar que a  consciência   de que é submetido ao racismo deve favorecer o entendimento por parte dos negros de que é preciso assumir-se como negro, sem negar suas origens africanas e história cultural, mas negando a condição de exclusão e inferioridade de que forma vitimas. Assim, o negro deve orgulhar-se de sua negritude, atribuindo significados positivos ao fato de ser negro.

            Sartre inspira um pensamento de valorização do negro. Um olhar negro sobre o mundo. Uma compreensão de que o negro não pode ser conjugado como um mal.

            A ideia de negritude entendido como valorização do negro e critica à visão negativa do mesmo impõe outra opção ao ordem cultural excludente. Sendo chamados de negros ou afrodescendentes, essas pessoas se encontraram pela negritude, que significa valorização do negro, da história dos povos africanos, da cultura negra e de uma nova visão  sobre os negros, bem como sobre a importância de superação da exclusão social a que foram submetidos.

 

Situação de aprendizagem 3: Reflexão entre homens e mulheres

 

Texto 6  2º ano 3º bimestre: gênero (São Paulo faz escola caderno de professor)

 

            O que é um homem? O que é uma mulher? O fundamental, aqui, é que nos sejamos colocados diante do problema o objetivo, não reforçar as diferenças biológicas, como por exemplo, dizer que uma mulher tem seios ou é aquela que pode dar luz a um filho. Também não se deve reforçar a divisão social do trabalho e do lazer, isto é, o garoto que não gosta de futebol não é homem, assim como aquele que chora. O gênero sexual deve ser encarado como uma questão de conhecimento, portanto, epistemológico, filosófico. Além disso, ele é ético por tratar das ações dos indivíduos, e político, uma vez que implica respostas e soluções sociais; em suma, gênero é um problema filosófico.

            Em meio a Revolução Francesa, foi proclamada a Declaração dos Direitos do homem e do cidadão. Durante os debates sobre essa declaração Olympe de Gouges elaborou aquela que incluía os Direitos  da Mulher e Cidadã, pois para ela, apesar de se procurar a igualdade universal, as mulheres não estavam ali inseridas, nem mesmo teoricamente.

            A sua atitude revela que o direito inscrito em uma lei não significa direitos objetivados no mundo cotidiano. A igualdade da lei pode significar apenas igualdade de alguns; no caso a igualdade dos homens. Isso significava que apenas os homens eram cidadãos, e as mulheres não. Era preciso declarar que as mulheres são cidadãs e devem exercer seus direitos.

            Observe o texto abaixo, que é conclusão da Declaração dos Direitos da mulher e da Cidadã:

 

Mulher, desperta! A força da razão se faz escutar em todo o universo. Reconhece os teus direitos. O poderoso império da natureza não está  mais envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação. O homem escravo multiplicou suas forças e revê necessidade de recorrer às tuas, para romper os seus  ferros. Tornado-se livre ,tornou-se injusto em relação a sua companheira.

Gouges, Olympe de. Declaração dos direitos da mulher e Cidadã. Disponível em:<htpp://pdfc.pgr.mpf.gov.br/legislação-pdfe/docs_declaracoes  dir_mulher.pdf>.

 

            A condição de trabalho da mulher, que mesmo com mais estudo que os homens não consegue, em media, o mesmo salário. Ou seja, para o nosso mundo, os homens tem  mais importância que as mulheres. Do ponto de vista ético e político, trata-se de uma luta a ser travada contra a injustiça social.

            Se a mulher, por razões culturais, foi condenada, durante muito tempo a ser dona de casa, ter pica escolaridade e ocupar-se de profissões femininas, isso não aconteceu apenas por culpa dos homens, pois muitas mulheres aceitaram e aceitam esses papéis. Em resumo para, Simone  de Beauvoir, a condição da mulher é uma escolha dos homens apoiada pela submissão das  mulheres. Todos os seres humanos  nascem livres, caso postos em uma situação de se sentirem melhor, é por sua liberdade e por sua responsabilidade que continuam a ficar onde estão. Por isso, para a libertação das mulheres, elas devem assumir a responsabilidade pelo que são seres livres, e só ficarão submetidas ao preconceito por escolha própria.

            A única libertação possível das mulheres virá da política, isto é da união das próprias mulheres. Elas precisam se encontrar, reconhecer seus problemas, partilhar ideias, o que quer dizer que elas precisam lutar juntas. Não há como ser diferente, pois não se pode esperar que todos os homens abram Mao dos seus privilégios pelas mulheres. Para essa filósofa, não se trata de colocar as mulheres contra os homens, mas de colocá-las contra o machismo. Contra situações de opressão.

           

 Texto 7  2º ano 3º bimestre:Filosofia e gênero (São Paulo faz escola caderno do professor)   

 

            O que faz um homem ser homem e uma mulher ser mulher – o corpo, o pensamento ou a sociedade? Quem decide as funções sociais da mulher e do homem – o corpo, o pensamento ou a sociedade?

            Para a filósofa Judith Butler é a sociedade que define as identidades do homem e da mulher. O corpo físico é só o espaço em que a sociedade define a sua divisão do trabalho. Homens fazem isto, mulheres aquilo. Em outras palavras, ninguém nasce homem, ou mulher, sendo a sociedade responsável por ensinar as crianças a ser homens e mulheres.

            Se um bebe nascer no Brasil, mas for criado por uma família japonesa, colo ele verá o mundo? Como um brasileiro ou com ou um japonês? E quando estiver com fome, vai desejar que tipo de comida, japonesa ou brasileira? Assim acontece com o gênero: ao nascer, ou durante os exames pré-natais, determina-se o gênero da criança segundo o sexo biológico. Ou seja, para o senso comum, sexo é igual a gênero, isso determinará o tipo de roupas e brinquedos que a criança vai receber e até formar valores que vão sendo destinados a ela. Entretanto, se considerarmos que sexo e gênero são coisas diferentes, a determinação de gênero depende, histórica e socialmente, da cultura social. Será que existe uma determinação genética que afirme que meninas deverão  lavar louça enquanto os irmãos podem jogar bola? Ou que mulheres não devem ocupar cargos de chefia? Quando se divide o mundo em dois gêneros, afirma-se o binarismo do sexo. Ou o individuo se encaixa em um gênero sexual, ou em outro.

            A história tem demonstrado que as funções de homens e mulheres têm mudado com o tempo. Elas não são naturais, não há uma essência feminina ou masculina. Tudo isso é um posicionamento para controlar a vida das pessoas. Os meninos têm de ser sempre fortes; e as meninas, sensíveis. Mas, para Butler, meninos e meninas são criações artificiais, e aqueles que conseguem entrar no padrão acabam sendo bem sucedidos, excluindo-se os demais. Esses encaixes beneficiam principalmente os homens.

 

 Texto 8: O movimento Feminista

 

            Assim como tantas, a luta das mulheres por direitos não foi fácil. Vistas em muitas sociedades como seres inferiores, por natureza, tiveram que quebrar uma série de preconceitos, não só da parte dos homens, mas também de outras mulheres. Esta luta que, na maior parte das vezes, era a de um movimento de mulheres, no século XX passou a  se organizar na forma de feminismo. Um movimento que, ao tomar consciência do caráter histórico da condição feminina, propôs justamente a alteração dessa condição. O feminismo foi um movimento heterogêneo e que mulheres de diferentes segmentos lutaram por direitos diferentes, dependendo dos seus interesses. Isso ocorreu porque a condição feminina é plural, e tal diversidade se expressou em diferentes reivindicações. No Brasil, assim como no resto do mundo, essa luta ainda não acabou.

 

Texto 9  2º ano Filosofia e educação

 

            Muitas vezes, os pais vêem a educação, e escola, o professor e o aluno somente associando tudo e todos ao trabalho, como uma espécie de aprendizado para uma profissão, um pré-requisito conseguir um emprego. O aluno é mandado para escola para aprender alguma coisa que possibilite trabalhar e sustentar a si mesmo ou a  sua futura família. Muitas vezes, é necessário que trabalhe para auxiliar pais e irmãos. Os alunos, em geral, enxergam a escola de maneira contraditória, com aspectos que gostam muito e outros nem tanto. Percebem a escola como lugar para encontrar seus amigos e se divertir, lugar para fugir dos problemas de casa, lugar onde sentem que estão perdendo tempo, onde encontram dificuldades para valorizar o que se ensina e em alguns casos como lugar onde são humilhados pelos mais variados tipos de exclusão e preconceito.

            Há professores que vêem a escola como algo que não da certo, onde não se tem apoio nem salário, nem instrumentos suficientes para ensinar, o que leva ao desencanto com a profissão. Mas há, também, os otimistas, que gostam do que fazem.

            Muitos diretores colocam-se na ponte entre as políticas, os compromissos burocráticos, os problemas rotineiros, os pais, os funcionários, os professores, os alunos, os vizinhos da escola. Enfim cada agente da educação publica tem seus problemas e suas responsabilidades. Seu ânimo e seu desânimo. O fato é que precisamos encontrar criticamente os fatores e exercer nossas responsabilidades, o que só tem sentido se feito em conjunto.

 

Texto 10 2º ano 3º bimestre:   educação e emancipação (São Paulo faz escola)

 

             Adorno se refere ao texto de Kant resposta pergunta: O que ilustração?Um homem emancipado é um homem sem guia, isto é, minoridade é viver sem a independência que vem do uso da racionalidade.

            O que impede o homem de assumir a sua maioridade é a preguiça e a covardia. Preguiça de ler, de aprender, de pesquisar, de ouvir e de se cansar em busca de uma maneira melhor de viver. Covardia em não enfrentar os problemas, os erros, as decepções, conduzindo à preferência de se manter como uma espécie de criança imatura. Para tudo se necessita de outro dizendo o que se deve fazer.

            Para quem perguntamos as coisas fundamentais da vida? Quem é o guia? Algum familiar, como pai ou mãe? O professor, o pastor, o padre, o político, o livro, o filme?

            A minoridade é uma prisão. A maioridade é a libertação. A liberdade vem a partir do momento em que se assume a racionalidade, ou melhor o esclarecimento. A escola deve ser o palco do esclarecimento para, então, se tornar geradora de cidadania. O sinal de que isso esta acontecendo é o uso publico da razão. Isso significa assumir posições refletidas, o que é diferente do uso privado da razão, que é responder racionalmente a situações corriqueiras, como se calar diante da autoridade. Quem tem coragem de usar a razão? Quem tem vontade de superar a si mesmo? Quem usa a razão sói para não ter problemas pessoais (uso privado da razão)? Quem usa a razão enfrentando o mundo para melhorá-lo (uso público da razão)?

            Os oficiais dizem: não questione, pague. Os religiosos dizem: não questione, creia.  A televisão diz: não questione: assista, compre e seja. O político diz: não questione vote.

            Entretanto a pessoa emancipada questiona abertamente, sabe o que quer e precisa disso para ser livre. Ela quer saber o motivo, ela precisa entender para aceitar ou não o que lhe é falado, ordenado. Ela usa os estudos, o raciocínio, a imaginação e a critica para seguir o seu caminho.

 

 

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