3º Ensino Médio Visconde: Pré Socráticos
Filosofia
pré – socrática
De acordo com a história a filosofia
nasce na Grécia por volta do século VII ou VI a.C., sendo conhecida sua fase
inicial como período pré-socrático, esse período tem a duração de
aproximadamente 155 anos.
A Grécia desse período não era um
Estado unificado, era um amontoado de cidades- estado, que eram independentes
uma das outras, onde na maioria das vezes estavam em disputa entre si.
A filosofia nasce na cidade de Mileto,
uma cidade que por possuir uma grande influencia cultural, um vasto e rico
comércio, teve um papel fundamental para o inicio da filosofia.
Em Mileto temos os três primeiros
filósofos que a história do mundo ocidental teve conhecimento. Os filósofos de
Mileto são: Tales, Anaximandro e Anaxímenes.
Esses pensadores buscavam explicar o
mundo de uma nova forma, pois até o momento o mundo era explicado através dos
mitos, ou seja, pela cosmogonia, eles buscavam explicar o mundo pelo logos
(razão), ou seja, pela cosmologia. Seu objetivo principal era descobri qual era
a causa fundamental, primeira (arché) existente ente todos os seres.
Tales
de Mileto (623-546 a.C)
É considerado como o primeiro
filósofo do mundo ocidental, procurou fugir das explicações fornecidas pelos
mitos para explicar a origem e a criação
do mundo.
Através das suas observações e
influências principalmente do mundo egípcio, chega à conclusão que a origem do
mundo, a sua substância primeira e fundamenta que originou tudo era a água.
Afirmava que a água permanecia a mesma, em todas as transformações ocorridas
nos corpos, apesar de assumir diferentes estados.
Anaximandro
de Mileto (610-547 a.C)
Foi discípulo de Tales, e procurou
aprofundar os ensinamentos de seu mestre, e essa busca fez com que discordasse
da afirmação dada por Tales sobre a origem do mundo.
Ele afirmou ser impossível afirmar a
origem, a causa primordial do mundo, através da observação fornecida pelos nossos
sentidos. Para Anaximandro, esse principio é algo que esta acima dos limites da
observação humana, ele chama esta causa primordial de apeíron, termo grego que
significa o indeterminado, ou infinito.
Anaxímenes
(588-524 a.C)
Tentando uma possível conciliação entre as concepções de
Tales e as de Anaximandro, concluiu ser o ar o principio de todas as coisas.
Isso porque o ar representa um elemento “invisível” e imponderável, o ar é a
própria vida, a força vital, a divindade que anima o mundo.
Pitágoras
de Samos (570-490 a.C)
Para Pitágoras, a essência de todas
as coisas reside nos números, os quais representam a ordem e a harmonia.
Segundo o historiador de filosofia estadunidense Thomas Giles, pela primeira
vez se introduzia um aspecto mais formal
na explicação da realidade, isto é, a ordem e Constancia. Assim a
essência dos seres, a arché, teria uma estrutura matemática da qual derivariam
problemas como: finito e infinito, par e impar, unidade e multiplicidade, reta
e curva, circulo e quadrado.
Pitágoras dizia que no fundo de todas
as coisas a diferença entre os seres consiste, essencialmente, em uma questão
de números (limite e ordem das coisas).
Heráclito de Éfeso:
o movimento perpétuo do mundo
Nascido em Éfeso, cidade da região
jônica, Heráclito é considerado um dos
mais importantes filósofos pré- socráticos. A data de seu nascimento e a de sua
morte não é conhecida. Há referências históricas de que, por volta de 500 a.C,
estava em plena flor da idade.
Heráclito é considerado o primeiro
grande representante do pensamento
dialético. Concebia a realidade do mundo como algo dinâmico, em permanente
transformação. Daí sua escola filosófica ser chamada de mobilista (de movimento). Para ele, a vida era um fluxo constante,
impulsionado pela luta de forças contrárias: a ordem e a desordem, o bem e o
mal, o belo e o feio, a construção e a destruição, a justiça e a injustiça etc.
Assim, afirmava que a luta (guerra) é a mãe, rainha e princípio de todas as
coisas. É pela luta das forças opostas que o mundo se modifica e evolui.
Atribuem-se a Heráclito frases
marcantes de sentido simbólico, utilizadas para ilustrar sua concepção sobre o
fluxo e a movimentação das coisas, o constante vir a ser, a eterna mudança também chamada devir.
Assim, Heráclito imaginava a
realidade dinâmica do mundo sob a forma do fogo,
com chamas vivas e eternas, governando o constante movimento dos seres.
Não podemos entrar duas vezes no
mesmo rio, pois suas águas se renovam a cada instante. Não tocamos duas vezes o
mesmo ser, pois este se modifica continuamente sua condição. (Heráclito)
Os
pensadores eleáticos: reflexões sobre o ser e o conhecer
As diversas cosmologias que acabamos
de estudar despertaram, na época, uma nova questão. Por que tanta divergência?
Por que tantas opiniões contrárias?
Heráclito de Éfeso, como vimos,
acreditava que a luta dos contrários formava a unidade do mundo. Já para os
pensadores da cidade de Eléia, a partir de seu principal expoente, Parmênides
os contrários jamais poderiam coexistir. Os dois pensadores representam,
portanto, pólos extremos do pensamento filosófico.
Foi a partir dessa discussão sobre os
contrários, sobre o ser e o não ser, que se iniciaram a lógica ( os estudos sobre o conhecer) e a ontologia (estudos sobre o ser) e as suas relações recíprocas como
veremos a seguir.
Parmênides de Eléia
O ente é; pois é ser e
nada não é.
Nascido em Eléia, na Magna Grécia,
Parmênides (510-470 a.C.), aproximadamente tornou-se célebre por ter feito
oposição a Heráclito. Platão o chamava de grande Parmênides.
Parmênides defendia a existência de
dois caminhos para a compreensão da realidade. O primeiro é o da filosofia, da
razão, da essência. O segundo é o da crendice, da opinião pessoal, da aparência
enganosa, que ele considerava a via de Heráclito.
Segundo Parmênides, o caminho da
essência nos leva a concluir que na realidade:
Existe o ser, e não é concebível sua
não existência; o ser é; o não ser não é.
Em vista disso, Parmênides é
considerado o primeiro filósofo a formular princípios lógicos da não
contradição, desenvolvidos depois por Aristóteles.
Ao refletir sobre o ser, pela via da
essência, o filosofo eleático concluiu que o ser é eterno, único, imóvel e
ilimitado. Essa seria a via da verdade pura, a via ser buscada pela ciência e
pela filosofia. Por outro lado, quando a realidade é pensada pelo caminho da
aparência, tudo se confunde em função do movimento de pluralidade e do devir.
(vir a ser).
Assim, na concepção de Parmênides,
Heráclito teria percorrido o caminho das aparências ilusórias. Essa via
precisava ser evitada para não termos de concluir que o “ser e o não ser são a
mesma coisa.” Parmênides teria descoberto assim os atributos do ser puro: o ser
ideal do plano lógico. E negou-se a reconhecer como verdadeiros os testemunhos
ilusórios dos sentidos e a constatar a existência do ser no mundo: o ser que se exprime de
diversos modos, os seres múltiplos e mutáveis.
Mas o filósofo sabia que é no mundo
da ilusão, das aparências e das sensações que os homens vivem seu cotidiano.
Então, o mundo da ilusão não é uma ilusão de mundo, mas uma manifestação da
realidade que cabe a razão interpretar, explicar e compreender, até quer
alcance a essência dessa realidade. Não podemos confiar nas aparências, nas
incoerências, na visão enganadora. Pela razão, devemos buscar a essência, a
coerência e a verdade. ”O esforço de toda sabedoria é, pois, para Parmênides,
sistematizar isso, tronar pensável o caos, introduzir uma ordem nele.”
Zenão
de Eleia
Discípulo
de Parmênides, Zenão de Eleia (488-430
a.C) elaborou argumentos para defender a doutrina de seu mestre. Com eles
pretendia demonstrar que a própria noção de movimento era inviável e
contraditória.
Desses
argumentos, talvez o mais celebre seja o paradoxo de Zenão, que se refere à
corrida de Aquiles com uma tartaruga.
Se
na corrida, a tartaruga saísse a frente de Aquiles , para alcançá-la ele
precisaria percorrer um distância superior à metade da distancia inicial que os
separava no começo da competição.
Entretanto,
como a tartaruga continuaria se locomovendo, essa distância, por menor que
fosse teria se ampliado. Aquiles deveria percorrer, então, mais da metade dessa
nova distância.
A
tartaruga, contudo, continuaria se locomovendo, e a tarefa de Aquiles se
repetiria ao infinito, pois o espaço pode ser dividido em infinitos pontos.
Na
observação que fazemos do mundo, através dos nossos sentidos, é evidente que os
argumentos de Zenão não correspondem à realidade. Entretanto, esses argumentos
demonstram as dificuldades pelas quais passou o pensamento racional para
compreender conceitos como movimento, espaço, tempo e infinito.
Comentários
Postar um comentário