A narrativa de nós mesmos
A
narrativa de nós mesmos
Faz
um tempo que não escrevo nada nesse espaço, estava em crise de ideias, muito
trabalho, compromissos com entrega notas, junta-se a isso um monte de preguiça,
acomodamento enfim as ideias não vem do nada elas precisam do tempo do ócio,
como bem lembrou o brilhante Domenico de Mais em seu brilhante livro Ócio
criativo.
Precisamos
de tempo livre para desenvolver nossas ideias, seria importante dispormos desse
tempo, mas nossas obrigações nos impedem, infelizmente não nasci em berço de
ouro, (risos).
Na verdade não nasci para ser um pequeno
burguês, ou um porco capitalista, como brincam meus amigos revolucionários, mas
desejo sim ter posse dos bens de consumo produzidos pela indústria capitalista.
Enfim vamos dar rumo a esse texto logo senhor Milton, já está enrolando demais,
olha eu falando comigo mesmo, acho que estou ficando louco.
Outro dia conversando com uma amiga, falamos
da importância de eternizarmos histórias, de escrevermos em nossos queridos
notebooks, tudo aquilo que esta armazenada em nossa mente, momentos de nossas
vidas, principalmente porque estou ficando velho e a memória não ajuda mais, comecei
a pensar sobre a conversa e resolvi escrever esse texto não contando uma
história especifica mais para mostrar aos outros a importância de refletirmos
sobre nossas vidas.
Olha o tempo, tenho que interromper o texto
por uns minutos, mas logo vou terminar coisas da vida, vou para o segundo turno
do trabalho, quem mandou não estudar, enfim o dever me chama, mas termino isso
hoje, como texto trata da narrativa de nossas vidas, esse trecho mesmo que
acidental veio a calhar.
Então vamos quase uma hora depois entre o
banho e o trajeto para escola, bora sentar e escrever sobre o tema proposto,
engraçado as coisas parecem se encaixar, curiosamente o tema de uma de minhas
aulas de hoje trata da questão de como os indivíduos de espécie humana se
diferenciam, apresento aos alunos o
filósofo francês contemporâneo Paul Ricoeur (1913-2005) que entende que nos individualizamos a partir
da linguagem , e por meio dela não mostramos as apenas como são, mas criamos
outras.
Como diz a canção: “tudo está parado por ai
esperando uma palavra”. As palavras são originárias da linguagem, segundo
Aristóteles o homem é o único dos seres vivos a desenvolver a linguagem, os
demais animais apenas emitem sons.
Essa mesma amiga me presenteou com um livro
em meu aniversário, livro que terminei a leitura ontem, seu título: As cinco
pessoas que você encontra no céu.
Alguns capítulos do livro curiosamente têm o
seguinte titulo: Hoje é aniversario de Eddy, onde são narrados anos importantes
da vida Eddy, e a reflexão que ele faz sobre seus atos, enfim recomendo a
leitura.
Não
acredito em destino, mas coisas acontecem às vezes sem planejamento, por acaso
em sala hoje o tema da aula era a leitura do belíssimo poema de Fernando
Pessoa, cujo titulo é Aniversário, nele nós é descrito a história de um homem
que relembra saudosamente de sua infância, das conversas animadas, da falta de
obrigação, das brincadeiras, da saúde que tinha, relembra também das pessoas
que se foram e deixaram saudades.
Aqui vai um trecho do texto, já que minha
habilidade com as palavras não é nada boa, como diz o meu grande mestre Antonio
Rago Filho: Se que entender um texto leia o próprio autor do texto.
No tempo em que festejavam o dia dos
meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era
uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha,
estava certa como uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos
meus anos,
Eu tinha grande saúde de não perceber
coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a
família,
E de não ter as esperanças que os outros
tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não
sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da
vida.
Espero que um dia escreva com essa clareza e perfeição,
porém me coloco em meu lugar, porque sei que é um sonho impossível, mas vou me
esforçar (risos).
Enfim é um importante refletirmos sobre
nossas ações, nossas relações, o que fazemos e dizemos uns aos outros, e
principalmente termos as coragem de narrarmos nossas histórias para que fiquem
eternizadas e não apenas guardadas em nossa memória.
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